quinta-feira, 29 de março de 2012

James Cameron retorna ao Titanic



"Titanic”, filme que conquistou históricos 11 Oscar, tornou-se o primeiro a ultrapassar a casa de 1 bilhão de dólares arrecadados e por anos manteve-se líder nas bilheterias, retorna aos cinemas neste mês de abril com uma conversão em 3D que promete ainda mais emoções do que 15 anos atrás. É melhor levar um lencinho.


Quem garante é o próprio diretor James Cameron, que esteve na estreia mundial do relançamento em Londres, na noite de terça (27/3), em Londres. “O 3D leva a experiência para outro nível”, disse o cineasta para a imprensa internacional reunida ao redor do longo tapete vermelho, estendido diante da tradicional sala de concertos Royal Albert Hall (veja 200 fotos do evento aqui). “Mais do que nunca, você sente como se estivesse lá, passando pelos mesmos perigos que Jack e Rose.”



O retorno de “Titanic” às telas aproveita o 100º aniversário do naufrágio do “navio que nem deus poderia afundar”. Em 14 de abril de 1912, o transatlântico colidiu com um enorme iceberg e desceu às profundezas do Atlântico Norte em menos de três horas, matando mais de 1500 pessoas. Cameron criou uma história de amor em meio à tragédia e levou o mundo aos cinemas (e às lágrimas) em 1997. “Titanic” igualou-se ao recorde de “Ben-Hur” (1959) em número de estatuetas do Oscar, 11, e arrecadou US$ 1,8 bilhão – marca só ultrapassada pelo próprio Cameron com “Avatar” (2009).

O longa também foi responsável por alavancar a carreira dos atores Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. O astro não pôde participar da festa de relançamento (ele está em plena filmagem de “Django Unchained”, novo trabalho de Quentin Tarantino), mas a atriz esteve em Londres e conversou com os jornalistas.


Bem-humorada, Kate comentou que não sente estar revivendo as lembranças do filme que a lançou justamente porque ele está presente em sua vida quase que diariamente. “As pessoas me perguntam sobre ‘Titanic’ o tempo todo, então não é como se eu estivesse o revisitando”, explicou. “Ele já faz parte do meu DNA.”

Minutos antes de entrar na sala, ela foi questionada sobre qual seria a sensação de ver a si própria nua em 3D. “Não vou olhar. Nesse momento, estarei lá no bar”, a atriz brincou. Ela também disse que assistir ao filme seria como ver um antigo álbum de fotografias já que era muito jovem – tinha 22 anos – durante as filmagens. “É muito estranho. Mas o filme ainda é maravilhoso e parece incrível.”


É justamente essa a experiência que Cameron diz querer dar ao público por meio da tridimensionalidade, ainda que o efeito seja feito pela conversão – uma técnica que já foi criticada pelo próprio diretor. “Creio que as pessoas vão acreditar que o filmamos originalmente neste formato”, garantiu o cineasta sobre a qualidade das imagens. “Trabalhamos duro para converter ‘Titanic’ numa joia 3D.”

Para que seu “bebê”, como ele mesmo o chama, ganhasse a tridimensionalidade desejada, 300 especialistas participaram da empreitada. E, dependendo do resultado da bilheteria, Cameron não nega o desejo de converter outros de seus filmes, como “O Exterminador do Futuro”. Mas é claro que a justificativa é a de oferecer ao público a possibilidade de reviver as emoções potencializadas pelo 3D, como aquelas sentidas 15 anos atrás, enquanto o gigantesco barco afundava. “É realmente demais celebrar tudo aquilo de novo. É uma experiência muito diferente, você realmente sente que está no barco, com a água ao seu redor”, ele repetiu, dando mais detalhes da imersão tecnológica.


Aliás, Cameron confessou que ficou tentando a corrigir alguns erros que aparecem no longa-metragem, como a própria forma de naufrágio do navio. Conhecido por ser perfeccionista e adorador da exploração oceanográfica, o cineasta mergulhou uma dúzia de vezes até os destroços do Titanic antes de iniciar as filmagens, para estudá-lo e tentar reproduzi-lo da forma mais fiel possível no estúdio. No entanto, anos depois, estudiosos encontraram pequenos erros, como o formato de uma porta, por exemplo.

“Houve momentos em que eu realmente pensei que poderia corrigir o filme e torná-lo mais parecido com o Titanic”, reconheceu. Mas a razão falou mais alto e o cineasta manteve o longa intacto, evitando a mania de George Lucas, reconhecido pelas constantes alterações na saga “Star Wars”. “A outra parte da minha mente disse: ‘Não, ou você vai se tornar um maluco obcecado por detalhes, que fica na esquina das ruas murmurando coisas’”, exagerou.


Seria compreensível se Cameron caísse na tentação, afinal ele é realmente apaixonado por Titanic. Mesmo após lançar o filme, continuou visitando a carcaça do navio outras dezenas de vezes com seu submersível particular e apresentou recentemente um documentário do canal National Geographic intitulado “Titanic: A Última Palavra com James Cameron”, que reúne engenheiros, arquitetos e historiadores para falar sobre o acidente histórico.

As expedições submarinas, na verdade, viraram parte da rotina do cineasta. Um dia antes de pisar no tapete vermelho da estreia de “Titanic 3D” em Londres, Cameron aventurava-se na Fossa das Marianas, região mais profunda da Terra, localizada no Oceano Pacífico. O próprio diretor desenhou o submarino e tornou-se a primeira pessoa a visitar a depressão, com 11 quilômetros de profundidade, sozinho – apenas outras duas pessoas estiveram presentes, em 1962. “Eu tenho bons engenheiros”, brincou, sobre a certeza da segurança da empreitada.


O diretor descreveu a paisagem como lunar e desolada, e disse ter encontrado criaturas de aparência bizarra. “Senti que estava completamente distante da raça humana. Era como se eu tivesse ido para outro planeta e voltado”, comemorou. Cameron vai utilizar as imagens para produzir um documentário. Mas ele também aproveita a experiência para inspirar-se cinematograficamente. “Meu interesse em coisas como ‘Avatar’, a criação de outros mundos, tudo isso vem da minha curiosidade sobre o nosso mundo. Cada mergulho que fiz alimentou meus filmes.”

Sua expedição submarina deve influenciar as continuações da aventura em Pandora, com cenas filmadas debaixo d’água e mais criaturas bizarras. O jeito é esperar para ver.










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